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Mulheres, poder e o mundo do trabalho
Marie Claire e Pinterest

Mulheres, poder e o mundo do trabalho

É impossível falar em autonomia financeira e independência para as mulheres sem levar em conta o fato de ainda ocuparmos ínfimas posições de liderança no mundo do trabalho. E sem mencionar como a remuneração das mulheres segue dois dígitos abaixo daquela recebida por homens – em cargos semelhantes. Por mais que o tema da igualdade de salários e oportunidades venha sendo debatido pelo movimento feminista ao longo dos anos, esse enorme gap financeiro resiste a ceder. A ausência feminina em posições de liderança e poder impacta, inclusive, a autoconfiança das mulheres, que se sentem presas sob um teto de vidro incapaz de partir.

Por mais líderes mulheres nas empresas

No Brasil, a pesquisa “Women In Business”, feita em 2021, constatou: 39% das posições de lideranças do empresariado no país são ocupadas por mulheres. No entanto, de acordo com o estudo da consultoria IDados, com base em informações do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2021, as mulheres ainda ganham 20% menos que os homens. Apesar do avanço em certas áreas, a questão financeira precisa de ajustes, ainda mais quando o nível de escolaridade das mulheres já se mostra mais alto do que dos homens, como comprova o estudo. De olho nesse cenário, fica cada dia mais claro que é preciso fomentar um ambiente onde mulheres vejam cargos no topo como uma possibilidade real.

Por mais líderes mulheres negras nas empresas

No caso das mulheres negras, a situação é desoladora: apesar de serem cerca de 28% dos trabalhadores disponíveis no mercado de trabalho brasileiro – de acordo com dados da PNAD de 2019 – ocupam a base da pirâmide social e as custa ainda mais para chegar a postos de liderança. Dados divulgados pela consultoria Indique Uma Preta, especializada em colocar mulheres negras em melhores postos no mercado de trabalho, mostram que 6,6% dos postos de liderança em São Paulo são ocupados por essa parcela da população. Em outras palavras, na maior cidade do país não há espaço para as profissionais negras.

As barreiras aparentemente invisíveis

Mais espaço, salário equiparado e cargos com poder de decisão não significa, no entanto, acumular tarefas. É importante dizer que se no campo profissional ainda precisamos avançar contra o teto de vidro, entre outras barreiras aparentemente invisíveis, no ambiente doméstico as jornadas (duplas ou triplas) drenam a energia e a criatividade que seriam muito bem-vindas no desenvolvimento pessoal e profissional. “Além de todos os outros empecilhos, a jornada de ascensão da mulher é muito mais exaustiva e, geralmente, vem acompanhada de burnout”, comenta Dhafyni Mendes Borges, co-fundadora do TodasGroup – uma escola de liderança feminina, com objetivo impulsionar carreiras através do apoio cursos e de uma comunidade online de experts em suas áreas.

“Empresas precisam impulsionar carreiras de mulheres de forma inclusiva, sustentável e saudável”

Esta é mais uma informação confirmada pelo estudo “Women in the Workplace”: em 2021, 42% das mulheres foram vítimas da síndrome de burnout no trabalho, enquanto para os homens o número foi de 35%. “As empresas precisam impulsionar carreiras de mulheres de forma inclusiva, sustentável e saudável”, pontua Dhafyni. Para aquelas que não vêem a hora de avançar na carreira e já conseguiram deixar para trás outros obstáculos (como as jornadas infinitas em casa), a fundadora do Todas Group deixa uma dica capaz de controlar uma eventual Síndrome da Impostora: “Foque nos fatos, fazendo uma lista de suas entregas e resultados” diz ela. Isso é bom para você mesma ver até onde avançou e melhor ainda para sentir-se merecedora do que vem por aí.